segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Festa de debutantes


Grazzi Yatña

- Ei, você aí! Vem cá, pertinho. puxa a cadeira. isso.
Só não me venha com aquela panfletagem do sindicato dos poetas outra vez.

- Você não cresce! Vai ler Haroldo de Campos e me deixe quieto, porra!

- Puta merda. Lá vem você falando como se estivesse num palanque. Meu filho,
olha bem pra minha cara e para de olhar pro meu rabo.

- Tenho ganas de te matar, compreende?

- Sério? Não aprendeu que streap tease de banguela só pode dar em VEXAME?

- PUTA! VAGABUNDA ESCROTA!

- Hi. Que foi? Cansou de ler Germinal? Escreve no cacete: "Fui".
E se funcionar, não me avisa.


..

- Psiu..ei, você aí..você mesmo..

- Eu? Tem certeza?

- Claro! E por que não?

- Sei lá, achei estranho. Ninguém nunca me chamou assim.

- Assim como?

- Com esse tom de voz, esse jeito de quem não quer nada..

- E não quero mesmo, ué.

- Então pra que me chamou?

- Pra me confundir. Mas deixa pra lá..
..


- Ahhhhleluiaaaaaaa!

- Já sei. Outra Maluca saindo da festa.

- É..mas delícia não vem com metonímia, viu?
..

4 comentários:

Unknown disse...

Os diálogos separadamente são certeiros.
Cada frase ou silêncio.
( o silêncio na maioria das vezes é certeiro, mas escrevemos).
Em conjunto, a perfeição.
Visão: na leitura toda havia um poste de luz numa noite, a luz na câmera.
Beijos.
º

ºª disse...

Debutantes rimou muito com a imagem rimou muito com o amor ao pau-bandeira.
E delícia nunca precisou mesmo arriar calcinha pra fazer xixi.

Bel

Anônimo disse...

aquela imagem lá em cima é de droguinhas, medicamentozinhos, com jeito de confetes. o interlocutor do seu texto sofre de paudurecência equivocada, orgulhosa, e quiçá fraudulenta. isso rima com debutantes, aquelas crianças enormes com vestidos de bombom, querendo saber o que só um pontapé no cu vai explicar, mil anos depois. ou seja, tudo combina. e a delícia não precisar arriar calcinha é, mesmo, a sensação e a idéia que a imagem dá. Talvez também não precisar se mostrar pra escorrer o que tá dentro, ter um 'dentro', uma espécie de não-banalidade, talvez um nãoprecisar de limite, nem de um nome que troque o que toma o corpo inteiro por uma espécie de campeonato,não precisar de 'bons-modos', nem de ser confundida com um cenário kitshie para um pretenso poder do pinto decorando algumas frustrações e um idiota arrogante. acho que é mais ou menos por aí.

Anônimo disse...

'e não morrer vagina em mim?' aí está o único pecado digno de nota. mas não é tão mal assim, na verdade, aí fica a inocência. cheia de vantagens e uma capa vermelha.