domingo, 24 de maio de 2009

Paulo Castro - Camadas.


Camadas.
Você é feita de camadas. Tal qual eu. Todos.
Mas quem ficaria assim com o osso do pé forçando a pele,
ao se esticar,
molhando samambaia ?
Quem mergulha em um lado da piscina,
para emergir do outro, saindo da água já de olhos abertos e em mim, pulo instantâneo, eu.
Camadas que começam, atingem um centro e recomeçam.
Barriga é costas.
Costas e terra. Barriga e sementes.
Mas tem o algo que se diz perdido, para sempre, arrematados curáveis de criar uma história
em que se possa viver dentro dela, sai das costas a terra, T.S. Elliot viveu pouco demais - mesmo tendo sido assim tão velho - para jogar sobre águas e samambaias,
os pés da força e da água em posse,
acusação de que somos Homens Ocos.
Você não se interessa quando falo de T.S. Elliot, ou dos lugares secretos ainda onde hoje vivem chamas romanas, imemoriais salivas sutilmente perfumadas,
mas caminha pelo quarto do hotel, sabendo que sei e que olho,
a dança da pintinha em seu ombro,
metonímia desejante que fode com a teoria das camadas,
acaba com os poetas impotentes,
e redireciona minha fisiologia para as fumaças que escapam
pela porta do banheiro,
de seu banho quente,
em que lava o meu sêmen meu como - imagino - teu & a coisa mais-natural-do-mundo,
enquanto camada boca, camada língua,
assobia daí uma canção que me faz
sorrir,
misturar-me ao forno ventre,
acender um cigarro e aguardar o momento mais displicente em que
jogará o roupão de banho sobre a cama
para poder me falar algo assim:
- Adoro peles felpudas e, venha, adoro sua nudez.
º

14 comentários:

Anônimo disse...

TESÃO!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Como se fosse uma cebolinha... Todo dia tira uma camadinha e deixa o sabor da 'comida' sem igual. Cebola crua, docinha que na salada nos corpos faz sal nos olhos. E esses olhos, ao encontrar outro par de olhos, se derretem em açucar.
&

MÁH disse...

ME LEMBREI DAS AULAS DE ANATOMIA, CAMADAS DE MUSCULOS...MUSCULOS EM MOVIMENTO, MOVIMENTO QUE NÃO PÁRA, ESSE DA MINHA CABEÇA, DE PENSAR, PENSAR, PENSAR
SABE O QUE?
QUE VC É DEMAIS DE BÃO
BJOS

Samantha Abreu disse...

Me deu nostalgia...
Uma coisa que queria que fosse minha, quase melancolia.
O reparar de movimentos, as pelas que se descascam em atrito com outras, troca de camadas.
Existe isso até mesmo no sono, quando todas os níveis da pele deixam de terminar em derme para acabar em verve.

esse poema é lindo pra cacete.

ps: tenho pintinha e pimenta.

BeijOOO

Anônimo disse...

Paulo Castro, você é mesmo um tesão!
Suas camadas externas e essa cabeça, assim tudo junto e de uma vez só, é pluriorgásmicoooooooooooooooooooooo...

B disse...

Tá um sensual de beleza.
Da beleza.
Mas só entende quem se roça em camadas.
Lindo poema.

Anônimo disse...

cama com a amada q vale por todas as amadas, com pintinha ao abrir os olhos, e sei lá mais o que. tão simples que os homens em geral saem de elliot para gritar alguma coisa sobre um time q está ganhando, enquanto vc levanta pra escrever 'te amo' em um banheiro público onde só vc mora e outros aparecem de 'olho mágico', inventando formigas.o texto é um beijo de um sedutor tímido que não se vê assim. não me in-porta. ele diz. e é quase verdade.


bel

Anônimo disse...

Amor em camadas, humhum!

Tenho pintinhas também!rs

*Carol

Christina thedim disse...

Adoro a sua nudez!
Mto lindo, despojado e cheio de sensualidade.
bjs

Anônimo disse...

Poema gostoso, Paulo.
Sabe o que falta a maioria das pessoas? Paciência com as camadas e feeling para percebe-las.
As coisas aparecem aos poucos, pele por pele...
Beijos, querido
Dani

Natália Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Natália Nunes disse...

adoro essas caoticidades, ainda mais quando são assim, rojas, meladas.

muito bacana o blog.

Meu tudo e/ou nada disse...

diversas "camadas"... como a pele, cada vez penetrante.
alguem ja comentou a dança das [minhas] pintinhas...
entorpecedor.

Unknown disse...

Paulo,°

Ao ler-te sentir-te como se te tivesse bebido.°


Lindo...

iArA°