domingo, 26 de julho de 2009


Grazzi Yatña


Pano de muro ao deitar costas

incidiu suposição de espectro

e verteu viés.

Costas a deitar muro

rolando macias

na boca

da pele:

engenho.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

PAULO CASTRO - Arma do Sexo.


Próximo da meia noite você me aponta uma arma do sexo.
Bem perto da meia noite eu encho a boca de comprimidos,
com cuidado para não derrubar nenhum,
são lindos, perolados e rosas,
tenho gatos e cachorros em casa,
mas um tanto antes eu abri aquela garrafa de vinho que comprei com meu primeiro, porra,
meu primeiro salário,
e desde essa época ( eu usava uma gravata borboleta e me abaixava com os comparsas para beber no gargalo o que tinha de mais caro no bar),
bem assim desde essa época, ou um pouco antes,
eu já sentia o útero crescer entre meus pulmões.
E hoje já é amanhã e você vê a garrafa vazia de vinho,
tua arma de sexo filmada em labirintite,
e me diz: - Seu sedento !
Brinco com alguma coisa em sua bunda,
e digo que você ainda nem existe, o que é uma tremenda pena,
mas a polícia da arma do sexo tenta sentir cheiros de xoxotas
na minha cama de casal,
e comparar uma com outra, se foram juntas, em sequencia,
se gozei mais com essa do que com aquela,
se o gozo com você e sua
a sua xoxota, vai apagar de mim como um tiro de arma do sexo,
todas as lembranças e risadas junto aos comparsas,
exatamente essa polícia do sexo que faz com que você não exista
e eu possa mesmo assim brincar em lhe enfiar o dedo no rabo
e ser gostoso, mesmo que sua bunda ainda seja linhas pontilhadas
contendo uma carne desarmada, sedentária,
fora os exercícios anaeróbicos ridículos por definição
e algum David Bowie da fase boa,
mas isso foi muito antes da meia noite de hoje
da meia noite de ontem & amanhã,
e toda massa incluída, com suas xoxotas e meus choros deitado no chão, em uma cama de hospício, em camas de hotéis caros que nem me lembro mais e a irmã de um amigo que conta que naquela época, sempre bem depois da meia noite, eu chegava bem louco de cocaína sei lá e exigia quartos presidenciais e que a condição era terem vista pra piscina e tocadores de discos, que eu queria que todo o hotel tocasse as minhas músicas para você bem ver como apenas algumas meia-noites tornam um cara razoavelmente legal em um babaca total. E boa época de David Bowie ainda, convenhamos, até combinando com sua arma do sexo, e com essa maneira de ser sedento e carregar atemporalmente um útero entre os pulmões.
Toda essa conversa parece te enternecer muito e até você dá risadas, enfim, um sucesso de aeroporto, mas tenho que calar a boca completamente pela questão da polícia da arma do sexo exigir que você me faça engolir a sua xoxota, os pentelhos aloirados entrando no meu enorme nariz, um acesso de tesão e náusea, mas é o que a psicanalista armada sexualmente, uniformizada de banca de jornal & revistas liberais exigiu-te, bem na meia noite, ou um pouco antes ou depois dela, sedento ontem ou depois dela, você ou outra, você é em mim outra de si mesma e isso é a única explicação para seu amor por, caramba, por mim.
Me parece tão absolutamente óbvio o fato de sermos molestados ao nascer que não posso entender tamanha meia noite com guardas. E gostamos, apesar. Sedentos, contudo.
O fato é que pérolas e rosas fazem o efeito e não posso mais, nada mais, além de dormir o sono proibido, pedir que você entenda que em todo encontro a graça está nos desencontros ( esse filme joinha passando na televisão em "MUDE" às custas da ausência de abajour), que essa é minha maneira de ver a vida e que isso já está um pouco difícil de mudar, que fosse a lua, entretanto.
Você também quer contar uma história, se fazer interessante ( outra dica da pedagoga da arma do sexo), mas peço que apenas fale, me olhe e como nos desenhos animados antigos, musicados livremente, siga as bolinhas saltitantes do tempo em rádio relógio.
Logo mais,
, memória adiante,
será meia noite e toda a vida que a cerca em círculo foragido.
º